Esperar é sentado. Ou de pé, o que é pior. Se bem que o pior mesmo é esperar deitado, pois passa a impressão de que já não se tem esperança na espera. Afinal, quem é que espera pelo que não há esperança?
O ato de esperar não é senão um estado em que não há o que se possa fazer em direção àquilo que se espera. Claro que tentamos matar o tempo da espera, sempre que possível, pois a paciência nos falta e nossa própria companhia nos assusta. Não que seja regra ou até é, já que toda tem sua exceção, mas quando esperamos é porque julgamos que não há o que possa ser feito para atingir o que se espera. Só resta ver o vento ventar, a chuva chover, a noite anoitecer, o dia diar…
Esperar nos incomoda. Se esperamos por alguma coisa boa, ficamos ansiosos por aquilo. Se esperamos por alguma coisa ruim, ficamos receosos daquilo. Imaginamos tudo como seria quando aquilo vier. Esperamos o inevitável e até ele nos incomoda.
No esperar por algo ruim há vezes em que temos tanta certeza de que esse algo ruim virá, que não há o que fazer além de esperar, mesmo. Vemos a imagem, ouvimos o som, toda a paisagem se forma na nossa mente e tentamos viver aquilo, para quando acontecer estarmos preparados. Oito meses de espera num hospital cria muito o que esperar e por mais que se espere… que se crie a paisagem. Que se tome ações em antecipação. Quando o que se espera finalmente chega. Não estamos preparados e não sabemos que ação tomar direito.
A maior angústia, no entanto, é quando não se sabe o que esperar. Ou quando tentamos acreditar que não sabemos o que esperamos. A esperança está sempre lá e essa, sim, espera o melhor sempre. Mas a realidade tantas vezes nos mostra que não há ponto em esperar o que queremos. Se o que chega tem vida própria e se mostra como quiser e quando quiser.