Há muito que eu não me sentia assim: só.
Para muitos, eu inclusive, este costuma ser um sentimento doloroso ou melancólico. Não hoje. Tem sempre aquela música bode, que a gente usa para curtir uma fossa, como é o caso dessa aqui. Hoje, no entanto, ao ouvi-la sinto uma solidão gostosa. Saudade de não-sei-quem.
É como se houvesse infinitas possibilidades capazes de matar a saudade. Aliás não como se houvesse, há. Este sentimento me dá uma sensação do porvir completamente sob o meu controle. Posso decidir estender a saudade, posso matá-la quando e como quiser. Essa infinidade se desenha pra mim ao som da música interpretada pelo Jamie e me deixa confortável, como no sofá de domingo.
Noutros tempos, somente este som me trazia essa sensação. Do mundo à minha frente, da estrada toda a ser percorrida, das livres escolhas nas bifurcações e encruzilhadas. Acho que a velhice maturidade está mudando o jeito do sentimento se manifestar ou talvez seja a busca pelo ‘zen’ que me deixou assim. Não sei. Só que está muito bom.