Esta é mais uma escolha complicada. Assim como nos outros dias, há muitas opções. Muitas músicas me lembram de muita gente. Mais uma vez o critério aqui foi lembrar de alguma que fosse especial por algum motivo.

Nesse caso eu fui fundo. Bem fundo.

Esta música me lembra de alguém que foi muito importante para mim. Tanto que eu nem me acho digno de escrever sobre isso. Essa pessoa foi a responsável por quase tudo que sou na minha vida, a começar pela própria vida. Estou falando do meu pai.

Me lembro como se fosse ontem. Eu estava no hospital, olhando pela janela, observando o campus. A primeira parada cardiorrespiratória já tinha acontecido. Por algum motivo, sei lá eu qual, essa música começou a tocar na minha cabeça. Era a primeira vez que eu pensava na morte tão próxima de mim. Meu avô já tinha falecido, assim como algumas outras pessoas, mas isso nunca pesou quase nada em mim. Dessa vez era meu pai. Eu era um jovem estudante, tentando passar de Cálculo 3 na faculdade. Tudo estava confuso, não sabia no que pensar, se tinha esperanças ou se tentava encarar o inevitável.

O curioso é que esta música me lembra meu pai, mas é muito possível que ele nunca a tenha ouvido na vida. Ela simplesmente começou a tocar na minha cabeça quando eu estava lá e ficou gravada para sempre associada a este momento e a ele. Eu nem lembro de tê-la ouvido nos dias anteriores àquele. Aliás há basicamente duas músicas que me lembram muito meu pai e nenhuma delas eu ouvi com ele; engraçado isso.

Derek Sherinian

A música é do Derek Sherinian, tecladista absurdo que tocou no Dream Theater em um EP e um álbum, após a saída do Kevin Moore. O álbum é o “Black Utopia”, que tem a participação do chatíssimo Yngwie Malmsteen na guitarra em algumas músicas, mas muito bem domado, eu diria.

A música é a “Stony Days”, que tem a melodia principal tocada na guitarra, com um feeling que seria impossível ao Malmsteen, felizmente foi executada por outro cara. Seu nome é Steve Lukather, um guitarrista, compositor, arranjador que já tocou com muita gente, inclusive com o Michael Jackson no álbum “Thriller”. E foi uma execução impacável, cheia de feeling.