Uma senhora simpática, 67 anos. Lendo um livro de algum padre que não me recordo. A conversa começou por conta da aeromoça que nos apresentavas as opções: batata chips, amendoim, biscoito integral e goiabinha. Quero três, para levar para os meus netinhos.
Assim começou a conversa, que logo revelou o motivo da viagem: vim visitar meu filho e meus netos em Vinhedo. O que o filho da senhora faz em Vinhedo? Nada. Ele é prático em Manaus. Ahn!? Prático. A pessoa que manobra e conduz barcos em pequenas distâncias. Passa 20 dias lá, 10 dias aqui.
O filho dela é casado com uma dona de casa. Patrícia. Tem dois filhos, na fase de prestar vestibular. Ela conta como incentivou o neto e o outro filho, quando ainda estava nessa fase. A gente estudava junto, eu perguntava as questões de história, que ele tinha mais dificuldade. Ele acabou entrando em computação. Eu entrei em enfermaria. Meu marido não me deixava fazer essas coisas. Ele que cuidava da casa. Mas aí fui fazer.
O seu pai sempre lhe ensinou que se só estudava, essa era sua profissão. Portanto esta profissão precisava ser bem exercida. Nunca tirei menos que 7, só uma vez e fiquei de recuperação. Ela se separou do marido. Passou por um período difícil. Uma espécie de depressão, mas se reencontrou em terapia e grupo de orações. Estava explicado o livro.
Meu filho agora mora nos Estados Unidos. Trabalha num banco, mas queria ir morar em Madri. Adorou a Espanha e o flamenco. Fala português, claro, inglês, francês e está aprendendo espanhol. Adora música, gosta de ensinar. Queria fazer composição e regência, mas o aconselharam a fazer uma pós-graduação nesta área e não uma nova graduação, desde que não parasse os estudos.
Lá pelas tantas, me contou do pão que levava três dias para ser feito. Faço sem fermento, com um soro. Uma colher de sal, quatro de açucar e quatro de farinha. Leva 24 horas para essa primeira fase, depois mais 24 horas após a massa pronta. Depois mais 12 horas após o pão enrolado. Paciência.
Ela tem uma artrite no joelho, desce as escadas com dificuldade, pois a rolante está com problemas. Ajudei-a com a bagagem e depois ela ligou para o genro, que é moto-taxi vir buscá-la.