Júnior tem 13 anos. Sua estatura é bem inferior à média da sua idade. Provavelmente não teve a nutrição adequada para se desenvolver normalmente. Ele está na calçada de um hotel de luxo de Fortaleza. Todos os turistas que entram ali, parecem gringos. Está preparando sua tábua de badulaques para vender no calçadão da orla, tudo chinês, com cores fluorescentes e luzes que piscam. Nada tem alguma utilidade, alguns fazem barulho ao balançar, batendo. Uma mistura de matraca com aquelas garras mecânicas que serviam para alcançar alguma coisa mais longe e vendiam quando eu era criança.

Me ofereceu os produtos timidamente. Ao que perguntei os valores. De R$ 5 a R$ 10. Não quero, obrigado. Mas você vende muito disso? Mais ou menos.

Mesmo assim foi solícito, perguntou se eu estava esperando o ônibus, que eu estava. Foi no meio da rua para ver os ônibus que vinham pela avenida. Perguntou de onde eu vim, para onde vou. Pediu ajuda a uma senhora que estava perto, esta se prontificou em avisar quando o ônibus estivesse chegando. Me mostrou como enchem àquelas bolas de borracha peludas. Tem um couro que não deixa o ar sair! Permite sejam enchidas com uma agulha de injeção acoplada a uma bomba de ar, essa borracha espessa não deixa o ar sair.

Ao terminar, se despediu cordialmente e parou no calçadão chacoalhando sua matraca-garra. Meu ônibus chegou.

Beira Mar - Fortaleza por Taíssa Motoya